Com clareza e sem pânico: especialistas apontam como lidar com o Covid-19

Fonte: correio brasiliense

Nem minorar a necessidade de atenção à situação pandêmica da Covid-19 nem entrar em desespero a ponto de não contribuir para o enfrentamento. O combate eficaz e a redução dos danos estão nas mãos de autoridades governamentais, entidades representativas da saúde internacional, grupos de pesquisa, cientistas e especialistas e, não menos importante, da população.

Para diminuir o número de infecções, é essencial seguir recomendações que são atualizadas diariamente pelos governos locais, seguindo as orientações nacionais, como cobrir a boca ao tossir e espirrar no cotovelo e manter as mãos sempre higienizadas. Ficar atento às informações por meio de veículos oficiais e de credibilidade é essencial porque “estamos enfrentando não só um agente viral, mas também uma avalanche de notícias que nem sempre são verdadeiras”, alerta a virologista Marilda Siqueira, chefe de laboratório de vírus respiratórios da Fiocruz. Ela e outros especialistas contribuem nesta reportagem com avaliações e projeções neste cenário de pandemia.


» O que dizem os especialistas ?

Jonas Brant, médico veterinário — Especialista em epidemiologia e saúde coletiva

Atuação do governo federal

Um fato bastante relevante é a mobilização do Brasil. O ministro da Saúde tem ido a público se manifestar, o ministério tem feito coletivas diárias onde atualiza o Brasil e toda população sobre quais ações devem ser desenvolvidas. Também está se reunindo com o Congresso, coordenando os esforços. Então, acho que há uma mobilização intensa do governo brasileiro, principalmente do setor de saúde e de vigilância. Tudo isso é importante que a gente fortaleça essa organização, para evitar fake news, pânico e para que a sociedade consiga enfrentar isso de maneira coesa.

No entanto, é importante destacar que realmente a situação é bem complicada. Será um desafio muito grande que a nossa sociedade enfrentará. Não acho que a gente deva minimizar preocupações e cuidados, porque temos impactos diretos e indiretos da doença, como no cenário econômico de suspensão de atividades em algumas cidades. O ponto chave nesse momento é se preocupar com idosos e pessoas que possuem diabetes, hipertensão, insuficiência renal e entre outras. São as mais vulneráveis ao novo coronavírus.

Marilda Siqueira, virologista — Chefe de laboratório de vírus respiratórios da Fiocruz

Vacinação

Não se tem ainda uma vacina e provavelmente a gente não terá em menos de um ano. A OMS identificou ao menos 20 empresas trabalhando nesse projeto, mas, mesmo que tenham desenvolvido ou detectado proteínas virais ou feito algum vírus recombinante, até chegar à população, demora. Uma coisa é identificar, outra, é injetar no braço de alguém.

Existe todo um protocolo já estabelecido nacionalmente e internacionalmente de estudos clínicos de diversas fases, então não teremos vacina tão cedo. A imunização de influenza não protege contra o coronavírus, mas é importante que os grupos contemplados se vacinem, porque é uma infecção 

a menos. Ela é uma dose que precisa ser tomada anualmente até porque as cepas mudam.

Manuel Renato Retamozo Palácios, infectologista — Mestre em medicina tropical

Cenário futuro

O que se espera para as próximas três semanas é um aumento gradativo de casos confirmados do novo coronavírus. Isso já foi demonstrado por estudos estatísticos realizados. Em relação aos casos positivos, eles podem ser leves, moderados e, também, graves. Logo, isso não precisa ser motivo para entrar em pânico. Simplesmente é o que se espera pelo modelo matemático aplicado. Pode ser que exista alguma peculiaridade no Brasil que faz com que a curva adote alguma algum tipo de progressão diferente.

Lembramos que o Brasil é um país tropical. Estamos na época em que termina o verão e começa o outono. Então, você pode trazer uma variação esperada para as próximas semanas quando se fala em número de casos.

Nísia Trindade, socióloga — Presidente da Fiocruz

O que podemos aprender com o coronavírus?

Essa questão do medo faz parte da história das epidemias na saúde. Não é um fenômeno novo, mas, hoje, se dá em um outro contexto de globalização e das relações. Então, a complexidade é maior. É importante a gente aprender com essas experiências e trabalhar a epidemia do medo, que é outra epidemia que se forma. Lidar com emergência sanitária e novas viroses respiratórias será uma constante para o mundo. Na Fiocruz, nós temos instituído uma coordenação de vigilância em saúde já atenta a esse progressivo quadro no mundo.

Patricya Tavares, médica — Especialista em Longevidade Saudável

Mudança de hábitos

O Brasil vem se preparando para a chegada do vírus ao nosso país e vem adotando as medidas necessárias para tentar conter ao máximo a progressão do vírus. Essa pandemia do novo coronavírus vem nos ensinar que devemos sempre cuidar da nossa saúde como um todo (boa alimentação, atividade física, um sono adequado, controle de doenças prévias) para que se for contaminado por esse ou qualquer outro vírus o paciente consiga evoluir de forma leve. A situação veio lembrar também que temos uma responsabilidade comunitária para evitar a disseminação.

Eliana Bicudo, médica infectologista — Coordenadora de infectologia da Secretaria de Saúde do DF

Sobre medidas de proteção

Nós precisamos nos manter calmos e garantir a higienização dos ambientes e das nossas mãos.


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