Conheça "Dona Maria", a mulher apontada como maior traficante da BA

Apontada pela polícia como a maior traficante da Bahia, Jasiane Silva Teixeira, a Dona Maria, 31, tem em sua ficha corrida acusações de dezenas de homicídios, roubos, corrupção de menores, falsidade ideológica, entre outros delitos.

Segundo investigações, ela usava a própria aeronave para transportar a cocaína pura que trazia de países como Bolívia, Peru, Venezuela e Colômbia. Vestia roupas de grife e, com o dinheiro advindo da venda do pó, costumava bancar viagens e passeios de filhos criados por parentes. Generosa com os seus, também pagava a faculdade de medicina de um familiar. Ela nega todas as acusações e quer escrever um livro para contar o que diz ser a verdadeira história.

Foragida há cerca de 4 anos, Jasiane foi capturada na última quarta-feira (25), em Mogi das Cruzes (SP), em uma operação especial realizada por policiais baianos do Draco (Departamento de Repressão e Combate ao Crime Organizado), do Depin (Departamento de Polícia do Interior) e das inteligências da Polícia Civil e da SSP (Secretaria da Segurança Pública) daquele estado.

Ela foi detida na companhia do também traficante Márcio Faria dos Santos, vulgo Carioca, tido como o braço financeiro do PCC (Primeiro Comando da Capital) na zona leste da capital paulista. Segundo a polícia, Márcio seria seu atual namorado. Jasiane foi transferida para Salvador, onde desembarcou na sexta (27), sob forte esquema de segurança. Ao ser conduzida por policiais, usava algemas nas mãos e nos pés, além dos olhos vendados.

Apresentada ontem durante uma coletiva de imprensa, Jasiane chorou diante das câmeras. "Eu quero dizer que isso é simplesmente holofote em cima de mim. Sou uma simples mulher, como outra qualquer, e me deram uma fama da qual eu desconheço. Isso para mim é tudo novo", afirmou.


A "Dama de Copas" do Crime

Natural de Vitória da Conquista (distante 527 km de Salvador), Jasiane iniciou sua incursão no mundo crime em 2008, quando foi presa com o então marido Bruno de Jesus Camilo, o Pezão, sob suspeita de tráfico de drogas e porte ilegal de arma de fogo.

Em 2009, a Justiça concedeu a ela o benefício da liberdade provisória. Pouco tempo depois de sair da cadeia, ela foi acusada de participar da execução de um agente penitenciário em Jequié, no sudoeste baiano. Conforme investigação policial, o crime atendeu a um pedido de Pezão, que, no ano seguinte, também deixaria o cárcere provisoriamente.


À época, o casal passou a viver no município de Santa Cruz Cabrália, no sul da Bahia. Ali, segundo investigações, continuou a traficar drogas até 2014, ano em que Pezão acabou morto em um confronto com policiais.

Jasiane, por sua vez, conseguiu escapar ilesa. Viúva, teria assumido a liderança da quadrilha até então comandada pelo marido e, em sua homenagem, batizou o grupo criminoso de Bonde do Neguinho. Foi quando passou a figurar como a "Dama de Copas" do chamado Baralho do Crime da SSP baiana - ferramenta que reúne os criminosos mais procurados do estado.

Avião com cocaína e compra de fuzis

Segundo investigações, após a morte de Pezão, Jasiane aliou-se com integrantes de grupos criminosos do Rio de Janeiro e passou a comandar a distribuição de drogas no sudoeste baiano, em cidades como Jequié e Vitória da Conquista, para estados do Sudeste, como Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo.

Conforme as investigações, ela também intermediava a compra de armamentos pesados como fuzis e granadas para os grupos que chefiava.

Em outubro do ano passado, policiais civis de Vitória da Conquista interceptaram um avião que transportava uma carga de cocaína pura sob suspeita de operar sob o comando de Jasiane. Segundo a polícia, a aeronave era usada para trazer drogas e armas da Bolívia, Venezuela, Colômbia e Peru.

"A aeronave pertencia a Dona Maria (apelidado dado a Jasiane) e era utilizada em voos internacionais para comércio de entorpecentes. Estamos trabalhando para prendermos o segundo escalão", afirmou em entrevista o delegado Marcelo Sansão, diretor do Draco.

"Dona Maria" mudava de cidades com frequência e bancava família

O delegado Marcelo Sansão informou que Jasiane movimentava expressivo montante em dinheiro com a atividade criminosa. Assim, conseguia se manter em fuga, mudando-se para diferentes cidades do país. De acordo com ele, Jasiane portava sempre documentos falsos a fim de se passar como inocente, embora não deixasse de lado a vida de luxo, com roupas de grife.


E, mesmo a distância, assegurava financeiramente a criação de duas filhas de 4 e 10 anos, que vivem com terceiros. Também pagava as mensalidades da faculdade de medicina de uma prima que mora no Rio de Janeiro

Seja onde estivesse, Jasiane também ordenava as movimentações financeiras de atividade criminosa na Bahia. Questionado, o delegado Marcelo Sansão não deu detalhes sobre o possível rendimento da suspeita nem em quanto os seus bens estão avaliados atualmente.


Jasiane nega acusações

Durante sua apresentação, Jasiane se disse surpresa com sua prisão e afirmou desconhecer as acusações que recaem sobre ela, a exemplo da suposta vida de luxo que mantinha. A suspeita afirmou desconfiar de que esteja grávida, apesar de ter se negado a fazer testes de gravidez.

Sobre a informação de que se relacionava com um integrante do PCC, negou que tenha namorado, conforme versão da polícia. Disse que o homem com o qual estava quando foi presa era um conhecido com quem pegou carona. Jasiane disse ainda que estava São Paulo para visitar uma das filhas.

E, para provar sua inocência, prometeu escrever um livro. "Eu sou um ser humano qualquer, mãe, e sei que Deus tem um plano muito grande na vida. Inclusive, eu vou escrever um livro. Alguma editora que quiser. Se você tem uma oportunidade, pegue os limões e faça uma limonada", completou.

Após ser ouvida, Jasiane foi encaminhada para o sistema prisional - a unidade não foi informada por medida de segurança, segundo a polícia.

(Com informações: UOL)
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