Fiéis se emocionam em missas na igreja onde padre foi assassinado

A comunidade católica de Brasília amanheceu em choque com a notícia da morte brutal do padre Kazimerz Wojn. Na manhã deste domingo (22/09), durante a missa na Paróquia Nossa Senhora da Saúde, na 702 Norte, onde o religioso foi assassinado, fiéis e outros sacerdotes homenagearam o pároco. Com informações do Metrópoles


Padre Casemiro, como era conhecido, foi morto na noite desse sábado (21/09), após sofrer uma emboscada de quatro assaltantes. O sentimento de quem chega à paróquia nesta manhã é o de tristeza e saudade.

A família de Márcia Philippi, 56 anos, ficou chocada e sensibilizada com o caso. “Ele fez e faz parte da nossa vida”, lamentou. “A que ponto chegou a violência. Até a própria igreja não é respeitada”, criticou.

O fiel Luiz Gonzaga Arantes, 63 anos, era amigo do padre. “A gente tinha ele como uma pessoa da família. Ensinava as pessoas bem e orientava a gente a como proceder na vida”, disse.

Ele lembrou que a igreja foi totalmente construída pelo padre, que montou a marmoaria e a serralheria para a obra. “Era um sacerdote construtor, trabalhador. Tudo que fazia era bem feito. O pessoal que trabalhava com ele recebia aulas”, destacou.

Segundo o Padre João Firmino, 46 anos, coordenador da Comunicação da Arquidiocese de Brasília, o caso afetou muito a comunidade. De acordo com o pároco, Casimiro tinha mais de 20 anos de trabalho no DF e era um personagem muito querido.

A igreja manterá a programação de missas na 702 Norte apesar da tragédia. “Para que as pessoas continuem orando e rezando”, assinalou padre João Firmino.

A Arquidiocese de Brasília divulgou uma nota de pesar sobre a morte, na qual afirma que está acompanhando o caso e convoca todos os fiéis a rezarem pela alma do sacerdote. De acordo com o texto, o velório, a missa e as exéquias ocorrerão na própria paróquia em horário ainda a ser informado.

Tristeza e indignação

Segundo a ministra da Eucaristia Lusia de Fátima Bontempo, 56 anos, os fiéis se sentiam filhos do religioso. “Era o tipo de padre receptivo. Era rigoroso com horários e a conservação da paróquia”, comentou. Ela trabalhava com o padre desde 2006. Com a voz embargada, lembra da atuação do clérigo. “Ele arrumava um chapéu de palha, de jornal e ia trabalhar debaixo do sol para melhorar a igreja. Ele vai fazer muita falta pela dedicação que tinha com a comunidade.”

A indignação tomou conta de diversos fiéis. Segundo Tarciso Lima, 69 anos, o padre enfrentava a criminalidade sozinho nos últimos anos. “Ele chamava a polícia. Ninguém vinha. É uma tragédia anunciada”, arrematou.

O religioso havia alertado as autoridades policiais do DF sobre a sensação de insegurança que rondava a região. Há cinco meses, em 21 de abril deste ano, em pleno Domingo de Páscoa, ladrões invadiram o templo e levaram o sacrário do altar. A peça havia sido doada há 20 anos e tem valor estimado em R$ 20 mil.

“Tem o sentido de profanação. Existem pessoas que fazem essas coisas”, lamentou o pároco ao Metrópoles, na época. O objeto foi encontrado dias depois, vazio, em um ferro velho, em Samambaia.

No fim do ano passado, caixas de som foram roubadas na mesma paróquia, e o padre Casemiro ordenou, então, que fossem colocadas em um ponto mais alto, próximo aos vitrais, a fim de evitar novas investidas de criminosos.

Investigações

A Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) analisa a cena do crime. “O que podemos afirmar, de fato, é que se trata de um latrocínio, sem dúvida. Começamos os trabalhos às 23h40 e estamos aqui até agora, em busca dos vestígios”, afirmou o delegado-chefe da 2ª Delegacia de Polícia (Asa Norte), Laércio Rossetto, ao Metrópoles.

O delegado explicou que o crime ocorreu quando o padre se dirigia para uma obra, nos fundos da paróquia, após celebrar a missa das 18h30. “Pelo levantamento que fizemos foi entre 18h40 e 21h40. Temos suspeita de que quatro homens já esperavam por ele no local”, disse. A PCDF já sabe o trajeto de fuga adotado pelos criminosos, que deixaram, pelo caminho, um HD, um celular e uma maleta.

Os investigadores contam com o testemunho do caseiro José Gonzaga da Costa, de 39 anos, que também foi feito refém pelos bandidos, mas conseguiu fugir e pedir socorro. À PCDF, o funcionário disse que os suspeitos estavam armados. “Segundo o relato, um dos indivíduos deu um soco no rosto dele e colocou uma arma em sua boca. Ele ouviu os outros falarem que também estavam armados”, apontou Rossetto.

Fonte: Metrópoles
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