Governo do Piaui quer reduzir em 21% mortalidade materna até 2023

Em 2018, 35 mulheres morreram no Piauí em decorrência de complicações na gravidez. É uma média de quase três mortes por mês. No mesmo período, 689 recém-nascidos também não resistiram, sendo um número ainda maior: 57 óbitos por mês. Para mudar essa realidade, o Governo do Estado lança, em agosto, por meio da Secretaria de Estado da Saúde (Sesapi), o Plano Estadual de Ação para Redução da Mortalidade Materna e na Infância.

O objetivo é reduzir em 21% a mortalidade materna, 15% a mortalidade infantil neonatal (crianças até 28 dias de vida) e 7,5% a mortalidade infantil de crianças até cinco anos de idade. O plano pretende melhorar os indicadores que não só no Piauí como no Brasil estão muito acima do que a Organização Mundial de Saúde (OMS) considera aceitável. Enquanto que em países desenvolvidos o índice é de até 20 mortes de mães para cada 100 mil bebês nascidos vivos, no Brasil o número é de 62 e, no Piauí, 72.

De 2011 a 2018, o Piauí reduziu a mortalidade materna em 15%, caindo de 84,55 mortes para cada 100 mil nascidos para 72,03. No período de 2015 a 2018, a mortalidade infantil neonatal mudou de 11,91 para 11 (a cada mil nascidos vivos) e a mortalidade infantil até cinco anos de idade, de 18,33 para 17,8. Caso o Piauí tenha êxito, em 2023 a mortalidade materna será de 56,5 óbitos; a infantil neonatal, de 9,35; e a infantil até 5 anos, de 16,04. Se o Estado mantiver esse mesmo empenho, vai conseguir alcançar a meta.

Reprodução

Mortalidade materna

A Organização Mundial de Saúde define a morte materna como o óbito de uma mulher durante a gravidez ou no período de até 42 dias após o término da gestação. Mas somente em situações causadas à gravidez. Mortes acidentais ou incidentais não entram nessa conta. A OMS considera que a mortalidade materna é uma epidemia silenciosa, problema de saúde pública de grande magnitude.

Causas

As principais causas de óbitos maternos no Piauí são hemorragias (15,9%), eclâmpsia (15,1%), infecções puerperais (8,4%) transtornos hipertensivos (7,3%), e complicações de aborto (6,9%). Os dados foram coletados após a Sesapi analisar a causa de mortes de 532 mulheres, entre 2006 e 2018.

Ascom

Segundo o Relatório de Mortalidade Materna do Estado do Piauí, no período de 2010 a 2019, 44,8% dos óbitos ocorreram na faixa etária de 20 a 29 anos, seguido de 30,4% na faixa etária de 30 a 39 anos. Com relação ao número de consultas, sobre 41,1% das mulheres que foram a óbito não havia informação sobre o número de consultas de pré-natal realizadas, 21,8% fizeram quatro a seis consultas e 18,4% 7 e mais consultas. No quesito escolaridade, 25% das mulheres que foram a óbito tiveram de quatro a sete anos de estudo e 26% delas não há registro sobre sua escolaridade.

Assim, de acordo com os dados, as mortes maternas atingem principalmente as classes menos favorecidas, que têm menos acesso à saúde e com menor qualidade de vida. Falta de informação, como mostra o relatório, também é um dos fatores que contribuem para os óbitos.

Objetivos do Milênio

Com todos esses desafios, porém, o Governo do Estado tem conseguido avanços. A implantação da Rede Cegonha, em 2011, por meio de uma política do Ministério da Saúde, foi fundamental para essa vitória.

A Rede Cegonha (RC) é uma iniciativa inovadora para implementar uma rede de cuidados que assegure à mulher o direito ao planejamento reprodutivo e à atenção humanizada à gravidez, parto e ao puerpério. A RC implantou um novo modelo de atenção ao parto, ao nascimento, ao crescimento e ao desenvolvimento da criança de zero aos 24 meses, possibilitando a ampliação do acesso e a melhoria da qualidade do pré-natal.

Ascom

Nova meta e novos prazos

A ONU estabeleceu novas metas, agora dentro dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), em execução entre os anos 2016 e 2030, chamado de Agenda 30. Um deles é reduzir a Razão de Morte Materna global para menos de 70 óbitos maternos por 100 mil nascidos vivos.

No Piauí, a Agenda 2030 pretende chegar a um índice 35 óbitos por cada 100 mil nascidos vivos. Apesar de ainda ser acima da média de países desenvolvidos, o número apresentaria uma queda de 51% em relação à RMM de hoje (2018), que é de 72.
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